quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Que as lágrimas corram.

É estranho, não é só do vazio que reclamo. Eu estou triste, é difícil para eu aceitar isso. Nesse momento torno-me uma espécie de lacuna, tento pescar nas lembranças algo que me faça feliz. Mas é vão. Não, a tristeza não me tomou pouco a pouco, como eu quero acreditar, eu não fui me decepcionando com alguma coisa até achar o mundo uma bosta. Eu sou uma merda. Cheguei a essa conclusão de súbito. Assim como me veio à felicidade implodir, a tristeza não tem dó. Eu quero que as lágrimas corram no meu rosto. Mas não choro. É possível saber de onde vem isso? A solidão já passou longe. É esse momento sozinho. Ele me fez o que? Não sei quê. Não é um vazio de pessoas. Estou no leito do meu lar, pessoas me cercam e, apenas certas. Também não to escrevendo pra fugir. Eu estou escrevendo por que isso é forte. Suicídio? Só o pior.

Devo escrever risos, estampar sorrisos. Não, eu vou lamber essa escuridão dedo a dedo. Como um gato toma seu banho. Vou engolir tudo, só pra saborear. Não pra estar dentro de mim, mas pelo sabor sim. Vou passar minha língua na persistente sujeira embaixo da unha, vou passar os dentes nessa infame.

Vou rir de minha tristeza, sagazmente. Não tem a ver com paradoxo. É infelicidade por infelicidade, sentimento mau a debochar de outro. Comerei os dedos e em grandes bocadas o braço. Vou arrancar cada dedo do meu pé. E quando sobrar apenas o rosto, toda a tinta se desfará.