segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ametal

O som do impossível são passos frios essenciais de metal, zinco, aço, inveja e covardia. Cada progressão seu é mais uma corrente que me embrulha ofegante, abafante numa escuridão imensa. Meus músculos se contraem para o combate, meu coração implode de ódio a cada "você não vai conseguir, isso é impossível" ou a melhor "porque você não muda de idéia?"

Milhares de setas voam do meu corpo em direção ao infinito cantando Zumbi em jê e desfazendo esse manto mesquinho que insiste em inverter meu telescópio à sombra de uma árvore. Ainda que dispare contra o sol, contra a via Láctea eu preciso dizer que sou livre, que quero tentar, não tranque meu ser.

As flechas mais contundentes retornam rasgando o hipocentro com amor, com força. Se é música o trincar dos grilhões então o rasgar de minha própria carne é uma dança frenética entre mim e o novo universo e não há mais enigmas. Mais brilhante, mais amor dá cabeça aos pés, meu sorriso, meu sol eu sou. Sem as correntes que o mundo me deu e sem a casca que já nasci, transbordo, transcendo.

O irradiar dessa luz cega os olhos frios, e eu não me importo se essa mesquinhez se incomoda com meu corpo livre na chuva: eu sorri mesmo com todas as línguas chicoteando. É incompreensível.