segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vestuário fluvial dourado.



Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de tiêta
Caetano Veloso





Caminhei obsoleto sem a certeza de encontrar novos corpos ou novos seres. A proposta era descartável para meu tipo de sede. Transbordar em seres é descapar-se. É ser muito mais eu e muito mais os outros. Minhas pernas escolheram em deixar pegadas no oceano invés de embrenhar-se em busca de um gole disto para mim.

Serenou, era um presente? Um sinal? Uma prévia que despontava dois momentos antes. Ela precisava gritar, a prévia. Pequena luz atingiu meu ser. Trocou finamente. Duas palavras, uma deixa. Foi lâmpada, mas era outro sol a encontrar-se com o meu. ”Salobra ou insípida, estarei esperançando.”. Meus olhos coloridos, meu corpo multifacial estavam vestidos para Oxum, estavam vestidos de Oxum.

Com ela, desnecessárias afirmações sobre este barro que todos vêem. Ela alcançou todo meu ser e nesse conglomerado de alhures, irradiava. Deixem-me contagiá-los, é o certo. Deixamo-nos contagiar. Não houve escolha. Vapores dos mais comuns carregados das exalações mais profundas. Sóbrio de sede fiquei reticente ao toque dos lábios, até onde eles iriam? Noite adentro. Manhã adentro. Não tão aquém: dentro de mim. Por abrir e fechar de olhos enquanto o sol ainda crescesse áureo.

Destemporado o aquilo do ir chegou antes. O pequeno espelho se foi, meu motivo de não vê o que sou. E os de todos estes outrem? É que eles não o possuem ou são demasiados grandes.
Mas eu sei o que sou: meu reflexo nas águas, minha estada com a dançarina dourada. Basto-me. Não, não me basto.


Sustento-me.

Lápide póstuma de moldes da taverna

Estou sentado em uma cadeira com braços e pernas amarrados, acabei de tomar um balde com água gelada com cubas de gelo dentro. Um homem saindo den’da escuridão com um alicate puxa meu indicador e pergunta coisas.
- Eu não sei, não sei! (Não acho)
Essa bomba no meu peito bate desinforme, as cordas estão me prendendo mais e mais estão, me serrando; essa lâmpada me cega. Apesar da fração de segundos eu senti o alicate cortando minha epiderme, minha derme, alcançando meus músculos até as laminas encontrarem-se nos meus ossos. Um dedo amputado, um soco, um pescoço quebrado. Reajo da mesma maneira: concentro-me nas angustias e não entendendo nada.
Minha respiração está ofegante, um pedaço verdadeiramente meu sumiu, ao olhar para cima vejo o rosto do meu inquiridor: sou eu.