segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ametal

O som do impossível são passos frios essenciais de metal, zinco, aço, inveja e covardia. Cada progressão seu é mais uma corrente que me embrulha ofegante, abafante numa escuridão imensa. Meus músculos se contraem para o combate, meu coração implode de ódio a cada "você não vai conseguir, isso é impossível" ou a melhor "porque você não muda de idéia?"

Milhares de setas voam do meu corpo em direção ao infinito cantando Zumbi em jê e desfazendo esse manto mesquinho que insiste em inverter meu telescópio à sombra de uma árvore. Ainda que dispare contra o sol, contra a via Láctea eu preciso dizer que sou livre, que quero tentar, não tranque meu ser.

As flechas mais contundentes retornam rasgando o hipocentro com amor, com força. Se é música o trincar dos grilhões então o rasgar de minha própria carne é uma dança frenética entre mim e o novo universo e não há mais enigmas. Mais brilhante, mais amor dá cabeça aos pés, meu sorriso, meu sol eu sou. Sem as correntes que o mundo me deu e sem a casca que já nasci, transbordo, transcendo.

O irradiar dessa luz cega os olhos frios, e eu não me importo se essa mesquinhez se incomoda com meu corpo livre na chuva: eu sorri mesmo com todas as línguas chicoteando. É incompreensível.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa! Profundo!

Diogo de Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diogo de Oliveira disse...

Anônimo", obrigado por se tornar um leitor(a) tão assíduo(a) como prometido. Sinal que meus textos não estão tão maus, porém gostaria de saber quem és, sem receio assine suas postagems, isso pode tornar no processo de interação melhor.

Isso é apenas uma sugestão.

Anna Luísa Santos disse...

Pronto! (apenas uma relação leitor - autor!)

=*

lucas disse...

Será?
Onde está o barulho que te pertence?

Diogo de Oliveira disse...

Ninguem vê.
Não me pertence.